1) Antes de entrarmos no conteúdo do debate, devemos repudiar o método que a Direção Estadual do PT está utilizando, tentando neutralizar as críticas de Rillo ao desqualificar seus posicionamentos, fazendo apontamentos morais sobre suas práticas, mas poucas retóricas para responder suas críticas.
2) Esse método que o PT utiliza com todos que fazem oposição as suas políticas, busca dividir as opiniões em apenas dois lados ou grupos políticos, como se criticar o PT fosse defender o PSDB. Sendo assim, tentam colocar o PT como um partido de oposição, mas sabemos que essa oposição perdeu seu sentido original, pois hoje as políticas de ambos partidos majoritários pouco se distinguem. O problema se agrava quando a direção do Partido se utiliza desse método contra os próprios militantes da organização. Foi assim com todos os militantes que romperam com o PT, da Convergência Socialistas no “Fora Color” aos “Radicais do PT” na Reforma da previdência, chegando à atual crise da organização, na qual os militantes e correntes honestas da organização saem do PT e o partido tenta atacá-los.
3) RILLO aponta críticas corretas à orientação central do PT, pois seus parlamentares votaram a favor da criação dos cargos comissionados (sem concurso) proposto pelo PSDB na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo e a favor dos ataques aos direitos dos trabalhadores pelo governo Dilma . Traçando um paralelo: é como se o PT “vendesse” seu discurso na Câmara Municipal de São José do Rio Preto e votasse a favor da criação de mais cargos comissionados no governo Valdomiro.
4) O Deputado Estadual Rillo tem se posicionado à esquerda da política do PT, apoiando a greve dos professores e denunciando a política de Alckmin na educação. Por isso, devemos nos solidarizar com esse deputado, pois o PT abandonou todas as comissões na Assembleia que historicamente participava, como Educação e Saúde, e foi para as que possuem mais flexibilidade de negociação das verbas públicas, como a comissão de Obras. Entretanto, devemos analisar a limitação política de Rillo. Na Campanha eleitoral de 2014, quando participamos de um debate no Cursinho Alternativo e ele representava o PT, o deputado defendeu uma concepção daquele partido adotada até hoje, justificando como a política “do possível” e que o possível no momento para “algumas transformações” era as alianças necessárias realizadas pelo PT. A “política do possível” é justamente a política que levou o descolamento do PT da classe trabalhadora, representando hoje o principal agente do imperialismo no Brasil, responsável por retirar direitos históricos e garantir o “superávit primário” em detrimento aos direitos dos trabalhadores.
5) Rillo fica oscilando entre a política da direção do PT e a contradição e questionamento do que foi a base do partido no passado. Mesmo pensando do ponto de vista ‘aparatista’ e oportunista, o deputado não precisa do PT para manter seu cargo na assembleia legislativa. Pelo contrario, é o PT que precisa de seus votos. Sendo assim, quem está perdendo nessa ralação é o próprio deputado, pois sofrerá toda a rejeição que esse partido tem entre os trabalhadores hoje. Nesse mesmo raciocínio ‘aparatista’, a quantidade de votos obtidos por Rillo mostra que o parlamentar eleger-se-ia para deputado mesmo estando em partidos de esquerda, como os que compunham a Frente de Esquerda em São Paulo, revelando que é possível Rillo sair do PT e ter um mandato classista. Porém, se permanecer no PT Rillo demostrará que está afinado com a política do partido.
6) Outro elemento é o papel nefasto que o PT cumpre no estado de São Paulo, já que o partido incorporou-se ao poder, fazendo acordos com o PSDB na Assembleia Legislativa desse Estado ao votar nos tucanos para presidência da casa. Nesse sentido, é necessário superarmos a política do PT e construirmos uma OPOSIÇÃO coerente ao PSDB em nosso Estado e enfrentarmos os ajustes do governo DILMA/PT. Como devemos acreditar na humanidade, espero que após essa experiência, Rillo tenha coerência com sua história e seus discursos públicos e saia do PT e se coloque ao lado dos trabalhadores.
Reconstrução: Um Convite à Ousadia 